Sexualidade Infantil

O que é sexualidade?

 A OMS define que a sexualidade faz parte da personalidade de cada um, sendo uma necessidade básica e um aspecto do ser humano que está relacionada à vida, sensações, sentimentos e emoções relacionados ao prazer. A sexualidade influência pensamentos, sentimentos, ações, interações, e portanto a saúde física e mental. Dessa maneira, como envolve diversas dimensões humanas, é um tema muitas vezes difícil de ser tratado e, por isso, permeado de dúvidas, preconceitos, estereótipos e tabus.

Sexualidade infantil

A sexualidade infantil difere da sexualidade adulta. A sexualidade das crianças não está relacionada apenas aos órgãos genitais e à relação sexual, mas sim à curiosidade com o sexo. Tal pulsão sexual satisfaz-se no próprio corpo, sendo denominada de auto erótica.
O desenvolvimento psicossexual passa, segundo Freud, pelas cinco fases: fase oral, fase anal, fase fálica, o período de latência, e a fase genital. As manifestações sexuais são aspectos naturais desse desenvolvimento.
A sexualidade está presente na vida do indivíduo desde o nascimento, é comum, e faz parte da vida da criança e vai sendo constituída pelos processos culturais sofrendo, portanto, transformações de acordo com os padrões da sexualidade de cada época.

Os cinco estágios psicossexuais de Freud:

Estágio Idade Zona erógena Tarefa desenvolvimental maior (fonte potencial de conflito) Algumas características adultas das crianças que ficaram “fixadas” neste estágio
Oral 0 a 1 Boca, lábios e língua Amamentação Comportamento oral, como fumar e comer demais; passividade e credulidade.
Anal 2 a 3 Ânus Treinamento esfincteriano Organização, parcimônia, obstinação, ou o oposto (extrema desorganização, por exemplo).
Fálica 4 a 5 Genitais Complexo de Édipo; identificação com o progenitor do mesmo sexo Vaidade, despreocupação e o oposto.
Latência 6 a 12 Nenhuma área específica; energia sexual adormecida Desenvolvimento dos mecanismos de defesa do ego Normalmente não ocorre fixação neste estágio.
Genital 13 a 18 e idade adulta  Genitais Intimidade sexual madura Os adultos que conseguiram integrar satisfatoriamente os estágios anteriores saem deste estágio com um interesse mais sincero pelos outros, satisfações realísticas, sexualidade madura.

Fonte: BEE, Helen. A criança em desenvolvimento.

Sexualidade em casa

É no ambiente familiar que a criança aprende os primeiros valores associados à sexualidade.  É através do comportamento dos pais entre si, nas relações com os filhos, nas recomendações, nas expressões, nos gestos e nas proibições que vão se estabelecendo os valores que a criança   irá incorporar. Para as crianças, as manifestações sexuais têm um caráter muito mais exploratório e pré-genital, ou seja, para elas, o significado da sexualidade é muito diferente do que normalmente é disseminado entre jovens e adultos. Por isso, os pais devem estar atento ao fato de que o ato sexual em si e as manifestações erotizantes da música e da televisão são manifestações pertinentes à sexualidade de jovens e de adultos, não das crianças. Compreender esse fato é fundamental para um trabalho de orientação sexual adequado em cada fase do desenvolvimento infantil. Logo, na rotina, o trabalho com as crianças estará focado fundamentalmente em temas como a identidade, o respeito a si próprio e ao próprio corpo, e às relações de gênero.

Banalização da sexualidade

 A sexualidade precoce adquiriu dimensões exacerbadas nos últimos anos. Com ajuda da proliferação da banalidade midiática, somada às músicas de forte apelo sexual, as crianças experimentam mais cedo o que deveria ocorrer naturalmente somente na adolescência.  A sexualidade, que era marcada pela puberdade, já veio ditada na infância. As crianças desenvolvem a sexualidade muito precoce, mas no sentido de curiosidade do próprio corpo, de estimulação corpórea. A antecipação da erotização observada hoje é proveniente de outros fatores. Passamos a ter o achatamento da infância e o alargamento da adolescência, com as pessoas evitando a velhice. Este problema acomete todos os níveis sociais. Nas classes mais pobres, em casas com geralmente um cômodo você pode ter a sexualidade de forma mais explícita do que na classe média alta, mas hoje as duas classes vivem a erotização da cultura. Um dos grandes vilões que antecipam tal erotização é a banalização dos meios de comunicação. O que a criança tinha como feio, a exposição da sexualidade, você vê materializado dentro da mídia, são músicas com gestos promíscuos, letras detrativas com teor de sexo implícito. Diante disso, crianças são submetidas a uma cultura onde a sexualidade denota poder de comando e autoridade. A criança vive fantasias e a mídia faz com que isso saia do imaginário e se concretize.

As consequências dessa antecipação são difíceis. Uma vida sexual sadia deve ser iniciada apenas quando o corpo e o psicológico estão desenvolvidos. Jovens que iniciam muito cedo tendem a banalização da sexualidade, a prostituição, as doenças sexualmente transmissíveis. Aparecem também as angústias e a depressão. É uma questão de saúde pública.

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